sábado, 13 de dezembro de 2008

As Origens da Vida

“As Origens da Vida, Do Nascimento da Vida às Origens da Linguagem”, escrito por Maynard Smith e Erös Szathmáry, foi publicado em 2007 pela editora Gradiva, sendo a edição original, em inglês, de 1999.

Em Origens da Vida John Maynard Smith e Eörs Szathmáry levantam perguntas como: “O que é a vida?” e “Como terá surgido toda esta complexidade?”. De modo a responder a essas questões, os autores começam por resumir a teoria da selecção natural de Darwin e explicar o mecanismo da hereditariedade.
A evolução é relatada desde o aparecimento das primeiras moléculas capazes de se replicarem até às sociedades humanas, passando pela definição de vida e pelas grandes transições (como por exemplo a passagem de clones assexuados para populações sexuadas). Os autores explicam também como actua a selecção natural e mostram-nos que a evolução não é um processo tão linear como pode parecer à primeira vista e que nem sempre os genes cooperam entre si, ocorrendo conflitos de interesse, mesmo entre genes de um mesmo organismo.
Ao contrário do que é muitas vezes pensado, a evolução por selecção natural não prevê que os organismos se tornem mais complexos, mas que se tornem mais capazes de sobreviver e reproduzir (ou pelo menos, que não se tornem menos capazes).
É abordado não só a origem da vida, como também a origem dos cromossomas, das células eucariotas e seus organelos e da reprodução sexuada, referindo também os seus benefícios. São dados exemplos de diferentes relações entre diferentes organismos, quer sejam entre uma colónia de insectos, entre um ser humano e Salmonella typhi (bactéria que causa a febre tifóide) ou mesmo entre as diferentes células de um elefante.
Os dois últimos capítulos são dirigidos especialmente ao ser humano, não apenas à forma como evoluiu a partir de outros primatas, mas também às características das sociedades humanas, comparando-nos com outros animais sociais e referindo o quão importante a linguagem foi para a nossa sociedade e o que foi necessário para a obtermos.
Podemos ainda contar, no final do livro, com algumas sugestões de leitura e um pequeno glossário, muito útil para quem tem poucos conhecimentos de Biologia. Os fenómenos biológicos são demonstrados através de comparações com situações quotidianas, tornando a sua compreensão mais fácil, principalmente para o grande público. É um livro com muita informação e acessível, mesmo para “não biólogos”, com uma linguagem clara e ligeira. Uma obra muito interessante que aconselho a todos os interessados pela vida.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Bebés Por Medida

Imaginem quererem ter um filho, irem ao médico e ele perguntar-vos: “Querem um bebé com olhos azuis, ou castanhos? Talvez verdes…? Têm algum familiar com Alzheimer? E Obesidade? Bom, vamos ver o que podemos fazer.” Estas perguntas, num futuro não muito longínquo, podem tornar-se apenas perguntas de rotina. Podem alterar os genes do feto e criar bebés feitos por medida. Mas… deveriam?

O mapeamento do genoma humano pode ser um empurrão agressivo para desenvolver um teste para centenas de doenças genéticas, das quais, os pais poderiam ser informado antes das crianças nascerem. Porém, cada vez mais vamos a ver os deficientes como os produtos defeituosos, associados a uma classe que não pôde pagar o rastreio genético ou a engenharia genética. Devia-se então prevenir um nascimento que resultasse em fibrose cística, cegueira, nanismo…? Como seria um seguro de vida para uma pessoa “não-perfeita”? E quanto à eugenia? Muitos dos horrores da Alemanha Nazi tinham raízes no movimento da eugenia 1920 e 1930, como é o exemplo do slogan "A escolha certa do parceiro é o pré-requisito para uma sociedade próspera e digna".

“Os cientistas de amanhã terão um poder que ultrapassa todos os poderes conhecidos para a humanidade: o de manipular o genoma. Quem pode dizer com certeza que ele será usado apenas para a prevenção de doenças hereditárias?”
Monette Vaquin, Life in a Test Tube: Ethics and Biology, 1991

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Cura para a SIDA?

Durante décadas tem sido um mistério o facto de algumas pessoas possuírem o vírus HIV, mas não desenvolverem SIDA (síndrome da imunodeficiência adquirida).
De acordo com um estudo a ser publicado dia 19 de Dezembro, as células T destroem o vírus injectando uma forte dose de proteínas apoptóticas nas células infectadas. Segundo Guido Silvestri, da Escola de Medicina da Universidade da Pennsylvania “Este estudo traz-nos mais perto de uma potencial vacina ou cura para a SIDA”. Os investigadores são liderados por Mark Connors, do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas. Connors afirmou que a sua equipa já está a investigar o que inibe as células T de eliminar o vírus. Além disso, novas vacinas poderão ser desenvolvidos para desencadear a capacidade inata de matar destas células.

Amiba Gigante

Numa expedição às Bahamas Mikhail Matzof, da Universidade do Texas em Austin, descobriu uma nova espécie de amiba gigante (Gromia sphaerica) que produziria vestígios fósseis alongados em forma de ranhuras sinuosas ou sulcos, estruturas essas relativamente raras e de diversidade limitada. Essas marcas eram atribuídas à actividade dos primeiros animais bilaterais ou de cnidários. No artigo são descritos os vestígios deixados por estes grandes protistas, que têm uma notável semelhança com os vestígios fósseis desde até à 1.8 bilhões de anos.
Esta é a primeira evidência de que outros organismos, além dos multicelulares, podem produzir tais vestígios. A descoberta pede a reavaliação do significado dos vestígios fósseis do Pré-Cambriano como prova do início da diversificação da simetria bilateral, complicando as coisas para a teoria de lenta evolução no Pré-Cambriano.

O artigo pode ser encontrado em http://www.sciencedirect.com/ e é possível ouvir a explicação de Mikhail Matzof em https://webspace.utexas.edu/lhc58/protist_slideshow/.